Rio de Janeiro – RJ
No final do século XIX e
começo do XX, boa parte dos imigrantes que vieram para o Brasil estavam fugindo
da pobreza ou de questões políticas que havia na Europa. Na primeira metade do
século XX chegaram muitos portugueses, italianos e espanhóis. A Ilha das Flores, no bairro de
Neves, abrigava a Hospedaria de Imigrantes, que por quase um século recebeu
milhares de estrangeiros que por aqui chegaram. Um grande número de imigrantes
que chegava de navio pelo Porto do Rio de Janeiro era obrigado a ficar de
quarentena na Ilha das Flores.
Lá passavam por exame médico-sanitário e tomavam vacinas. A hospedaria tinha
refeitório, escola para crianças, enfermarias, capela, e os imigrantes
permaneciam por dois meses.
Ali eles eram fichados para
se saber o que faziam em seu país. Dependendo da necessidade de mão-de-obra,
eram encaminhados para a lavoura. Muitos imigrantes seguiam para o Porto de
Santos e iam direto para São Paulo. Depois, seguiam para fazendas do interior
do estado e para o Sul do país. Outros eram encaminhados para o interior do Rio
de Janeiro e do Espírito Santo. Na Ilha
das Flores, os imigrantes eram agrupados em alojamentos por
nacionalidade – russos, poloneses, ucranianos, italianos, portugueses,
espanhóis. Hoje no local funciona uma
base militar da Marinha. No final da década de 1950, a ilha passou a receber
migrantes nordestinos. Além disso, também foi usada como prisão para líderes e
soldados presos nas revoluções de 30 e 32. E ainda serviu de cárcere no golpe
militar de 1964. Hoje, a Ilha das
Flores está unida ao continente pela Rodovia Niterói Manilha (BR 101 Norte).
Foto do acervo de Eva Lins Correa de Oliveira
Fonte: Site http://www.cantoni.pro.br/ilhaflores/antigas.html
- acessado dia 11-08-2007
Foto do acervo de Eva Lins Correa de Oliveira
Fonte: Site http://www.cantoni.pro.br/ilhaflores/antigas.html
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Foto do acervo de Eva Lins Correa de Oliveira
Fonte: Site http://www.cantoni.pro.br/ilhaflores/antigas.html
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Do século XIX até a década de 60, a Ilha das Flores foi usada como hospedagem inicial (quarentena) para os imigrantes que chegavam ao Brasil pelo Rio de Janeiro. Esta ilha fica junto ao litoral de São Gonçalo, junto ao antigo Porto de Neves. Hoje, ligada a Neves, é uma península, que pode ser vista da estrada Niterói - Manilha, e é usada pela Marinha do Brasil. Em alguns momentos, nas décadas de 30 e de 60, a ilha foi também usada como prisão especial
Hospedaria da Ilha das Flores
Cinara
Maria Bastos Jorge – Três Rios, RJ
A
Hospedaria foi criada pela Inspetoria de Terras e Colonização do Ministério da
Agricultura brasileiro em maio de 1833, e serviu de abrigo para milhares de
imigrantes, tendo sido desativada em 1966, quando foi ocupada pela Marinha do
Brasil.
Os
principais portos de entrada de estrangeiros no Brasil eram Rio de Janeiro,
Santos (em São Paulo) e Salvador (na Bahia). Aqueles que chegavam pelo Rio de
Janeiro, depois de registrados pela Agência Central de Imigração, eram
encaminhados para a Hospedaria da Ilha das Flores.
Foi
construída em uma ilha na Baía de Guanabara, em São Gonçalo, hoje município do
Estado do Rio de Janeiro, onde, na época, havia um porto com grande movimento e
também uma linha férrea que ligava São Gonçalo, Niterói, Magé e Itaboraí.
Sua
criação e construção tinham o objetivo de manter os imigrantes concentrados,
para que dali fossem remanejados para as fazendas, principalmente as de café na
então Província do Rio de Janeiro, onde, desde a Lei Áurea – lei de
libertação dos escravos, a necessidade da mão de obra era grande.
Ao
desembarcar, os passageiros eram instalados nas diversas acomodações
existentes, onde recebiam assistência médica, faziam suas refeições, tomavam
banho, alojavam-se, e ali permaneciam por alguns dias, até que pudessem tomar o
rumo do novo trabalho e da nova vida. Contratadores vinham à Hospedaria e
forneciam meios para a locomoção das pessoas, muitas vezes família
inteiras. Estes intermediadores eram chamados de “gatos”.
Mas muitos
imigrantes vinham com a idéia de atuar no comércio ou em outras profissões das
cidades grandes, e recusavam os contratos para trabalhar como simples
lavradores nas fazendas. Assim, ao desembarcar, preferiam desertar da
Hospedaria e instalar-se nas cidades próximas, como Rio de Janeiro,
Niterói, por exemplo, porque eram lugares maiores e que atendiam às suas
ambições de “fazer
a América”,
como sonhavam.
O primeiro
livro de registros de entrada de imigrantes na Hospedaria da Ilha das Flores
tem início apenas em 1877, e a série vai até 1913. Eram livros grandes,
logicamente escritos à mão, e neles havia colunas para número de ordem, porto
de embarque no país de origem ou de trânsito, nome, idade, sexo, parentesco
dentro do grupo familiar, nacionalidade, profissão e destino.
Nem
sempre, porém, todos os itens eram preenchidos, da mesma maneira que não se
pode confiar integralmente nas informações contidas nessas listagens. Já
encontramos uma família com pessoas de prenome Samir, Abdullah, Salime e Elias,
todos anotados como alemães...
Com um
movimento de desembarque intenso, navios que traziam, às vezes, mais de mil
imigrantes cada, gente que tinha viajado por meses, muitos deles doentes,
muitas crianças - o funcionário encarregado de tais anotações não primava por
observações precisas. Certamente não imaginava que aqueles livros seriam,
um dia, uma das maiores fontes de pesquisas de que o genealogista de hoje
dispõe para encontrar seus antepassados e suas origens.
Também é
preciso lembrar que os imigrantes não eram, em sua maioria, pessoas com grau de
estudo elevado, muitos eram analfabetos, além também da grande diversidade de
idiomas e de escrita, o que fazia com que nomes fossem anotados da maneira que
se ouvia e o passageiro, sem conhecimento, não os corrigia. Assim, temos
Saar/Sar, Saad/Sad, Lazarini/Lazarino, Zanom/ Zenom, Erkhadt/Ercat, Kuhn/Cunha,
Arbache/Arbex e centenas de outros.
Os
documentos da Hospedaria encontram-se microfilmados no Arquivo Nacional, no Rio
de Janeiro, onde podem ser consultados. Além disso, quem reside fora do Rio de
Janeiro pode solicitar cópias de documentos pelo Atendimento à Distância, mas
neste caso são necessários dados mais precisos que possibilitem sua
localização: nome da embarcação, data de chegada etc.
Os
requisitos necessários para o fornecimento de prontuários e passaportes podem
ser obtidos ns página do Arquivo Nacional. http://www.arquivonacional.gov.br
Além
desta, existe outra forma de pesquisa dos documentos da Hospedaria dos
Imigrantes na Ilha das Flores. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias –
SUD, conhecida popularmente como Igreja Mórmon ou dos Mórmons, também
microfilmou esses papéis. Assim, quem tem dificuldades de comparecer ao Arquivo
Nacional, pode procurar um templo mórmon onde funcione uma “repartição” chamada Centro
de História da Família –
CHF, e pedir para consultar o microfilme que seja de seu interesse. Os CHFs são
equipados com máquinas leitoras de microfilmes e a pesquisa cabe ao interessado,
é ele quem deverá examinar o material e buscar o que deseja.
Para
localizar o microfilme exato, dispensando uma das etapas no processo, deve-se:
- visitar
a página da SUD em http://www.familysearch.org;
- abrir Library / Family History Library Catalog;
- clicar
em Place Search;
- escrever
Rio de Janeiro, e clicar em search;
- a
seguir, abrir Brazil, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – Emigration e
Immigration;
- Registro de Imigrantes 1808/1922.
Estarão
indicados os filmes dos registros de entrada dos imigrantes que, como foi dito
no início deste texto, vão de 1877 a 1913. Escolha qual lhe interessa e peça o
filme na Igreja.
Um
enorme grau de paciência é necessário para se encontrar um imigrante chegado ao
Brasil, pois eles foram centenas de milhares. Por outro lado, há também que se
levar em conta que nem todos aqueles que entraram pelo porto do Rio de Janeiro
passaram pela Hospedaria da Ilha das Flores. Um pequeno número ali desembarcou,
mas por diversos motivos não se juntou às levas da Hospedaria.
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