8 de janeiro de 2012

HOSPEDARIA DOS IMIGRANTES

Ilha das flores
Rio de Janeiro – RJ

No final do século XIX e começo do XX, boa parte dos imigrantes que vieram para o Brasil estavam fugindo da pobreza ou de questões políticas que havia na Europa. Na primeira metade do século XX chegaram muitos portugueses, italianos e espanhóis. A Ilha das Flores, no bairro de Neves, abrigava a Hospedaria de Imigrantes, que por quase um século recebeu milhares de estrangeiros que por aqui chegaram. Um grande número de imigrantes que chegava de navio pelo Porto do Rio de Janeiro era obrigado a ficar de quarentena na Ilha das Flores. Lá passavam por exame médico-sanitário e tomavam vacinas. A hospedaria tinha refeitório, escola para crianças, enfermarias, capela, e os imigrantes permaneciam por dois meses.

Ali eles eram fichados para se saber o que faziam em seu país. Dependendo da necessidade de mão-de-obra, eram encaminhados para a lavoura. Muitos imigrantes seguiam para o Porto de Santos e iam direto para São Paulo. Depois, seguiam para fazendas do interior do estado e para o Sul do país. Outros eram encaminhados para o interior do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Na Ilha das Flores, os imigrantes eram agrupados em alojamentos por nacionalidade – russos, poloneses, ucranianos, italianos, portugueses, espanhóis.  Hoje no local funciona uma base militar da Marinha. No final da década de 1950, a ilha passou a receber migrantes nordestinos. Além disso, também foi usada como prisão para líderes e soldados presos nas revoluções de 30 e 32. E ainda serviu de cárcere no golpe militar de 1964. Hoje, a Ilha das Flores está unida ao continente pela Rodovia Niterói Manilha (BR 101 Norte).
Foto do acervo de Eva Lins Correa de Oliveira

Fonte: Site http://www.cantoni.pro.br/ilhaflores/antigas.html - acessado dia 11-08-2007
Foto do acervo de Eva Lins Correa de Oliveira
Fonte: Site  http://www.cantoni.pro.br/ilhaflores/antigas.html - acessado dia 11-08-2007
Foto do acervo de Eva Lins Correa de Oliveira
Fonte: Site http://www.cantoni.pro.br/ilhaflores/antigas.html - acessado dia 11-08-2007

Do século XIX até a década de 60, a Ilha das Flores foi usada como hospedagem inicial (quarentena) para os imigrantes que chegavam ao Brasil pelo Rio de Janeiro. Esta ilha fica junto ao litoral de São Gonçalo, junto ao antigo Porto de Neves. Hoje, ligada a Neves, é uma península, que pode ser vista da estrada Niterói - Manilha, e é usada pela Marinha do Brasil. Em alguns momentos, nas décadas de 30 e de 60, a ilha foi também usada como prisão especial

Hospedaria da Ilha das Flores

Cinara Maria Bastos Jorge Três Rios, RJ

A Hospedaria foi criada pela Inspetoria de Terras e Colonização do Ministério da Agricultura brasileiro em maio de 1833, e serviu de abrigo para milhares de imigrantes, tendo sido desativada em 1966, quando foi ocupada pela Marinha do Brasil.

Os principais portos de entrada de estrangeiros no Brasil eram Rio de Janeiro, Santos (em São Paulo) e Salvador (na Bahia). Aqueles que chegavam pelo Rio de Janeiro, depois de registrados pela Agência Central de Imigração, eram encaminhados para a Hospedaria da Ilha das Flores.
Foi construída em uma ilha na Baía de Guanabara, em São Gonçalo, hoje município do Estado do Rio de Janeiro, onde, na época, havia um porto com grande movimento e também uma linha férrea que ligava São Gonçalo, Niterói, Magé e Itaboraí.
Sua criação e construção tinham o objetivo de manter os imigrantes concentrados, para que dali fossem remanejados para as fazendas, principalmente as de café na então Província do Rio de Janeiro, onde, desde a Lei Áurea lei de libertação dos escravos, a necessidade da mão de obra era grande.
Ao desembarcar, os passageiros eram instalados nas diversas acomodações existentes, onde recebiam assistência médica, faziam suas refeições, tomavam banho, alojavam-se, e ali permaneciam por alguns dias, até que pudessem tomar o rumo do novo trabalho e da nova vida. Contratadores vinham à Hospedaria e forneciam meios para a locomoção das  pessoas, muitas vezes família inteiras. Estes intermediadores eram chamados de gatos.
Mas muitos imigrantes vinham com a idéia de atuar no comércio ou em outras profissões das cidades grandes, e recusavam os contratos para trabalhar como simples lavradores nas fazendas. Assim, ao desembarcar, preferiam desertar da Hospedaria e  instalar-se nas cidades próximas, como  Rio de Janeiro, Niterói, por exemplo, porque eram lugares maiores e que atendiam às suas ambições de fazer a América, como sonhavam.
O primeiro livro de registros de entrada de imigrantes na Hospedaria da Ilha das Flores tem início apenas em 1877, e a série vai até 1913. Eram livros grandes, logicamente escritos à mão, e neles havia colunas para número de ordem, porto de embarque no país de origem ou de trânsito, nome, idade, sexo, parentesco dentro do grupo familiar, nacionalidade, profissão e destino.
Nem sempre, porém, todos os itens eram preenchidos, da mesma maneira que não se pode confiar integralmente nas informações contidas nessas listagens. Já encontramos uma família com pessoas de prenome Samir, Abdullah, Salime e Elias, todos anotados como alemães...
Com um movimento de desembarque intenso, navios que traziam, às vezes, mais de mil imigrantes cada, gente que tinha viajado por meses, muitos deles doentes, muitas crianças - o funcionário encarregado de tais anotações não primava por observações  precisas. Certamente não imaginava que aqueles livros seriam, um dia, uma das maiores fontes de pesquisas de que o genealogista de hoje dispõe para encontrar seus antepassados e suas origens.
Também é preciso lembrar que os imigrantes não eram, em sua maioria, pessoas com grau de estudo elevado, muitos eram analfabetos, além também da grande diversidade de idiomas e de escrita, o que fazia com que nomes fossem anotados da maneira que se ouvia e o passageiro, sem conhecimento, não os corrigia.  Assim, temos Saar/Sar, Saad/Sad, Lazarini/Lazarino, Zanom/ Zenom, Erkhadt/Ercat, Kuhn/Cunha, Arbache/Arbex e centenas de outros.
Os documentos da Hospedaria encontram-se microfilmados no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, onde podem ser consultados. Além disso, quem reside fora do Rio de Janeiro pode solicitar cópias de documentos pelo Atendimento à Distância, mas neste caso são necessários dados mais precisos que possibilitem sua localização: nome da embarcação, data de chegada etc.
Os requisitos necessários para o fornecimento de prontuários e passaportes podem ser obtidos ns página do Arquivo Nacional. http://www.arquivonacional.gov.br
Além desta, existe outra forma de pesquisa dos documentos da Hospedaria dos Imigrantes na Ilha das Flores. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias SUD, conhecida popularmente como Igreja Mórmon ou dos Mórmons, também microfilmou esses papéis. Assim, quem tem dificuldades de comparecer ao Arquivo Nacional, pode procurar um templo mórmon onde funcione uma repartição chamada Centro de História da Família CHF, e pedir para consultar o microfilme que seja de seu interesse. Os CHFs são equipados com máquinas leitoras de microfilmes e a pesquisa cabe ao interessado, é ele quem deverá examinar  o material e buscar o que deseja.
Para localizar o microfilme exato, dispensando uma das etapas no processo, deve-se:
  • visitar a página da SUD em http://www.familysearch.org;
  • abrir Library / Family History Library Catalog;
  • clicar em Place Search;
  • escrever  Rio de Janeiro, e clicar em search;
  • a seguir, abrir Brazil, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – Emigration e Immigration;
  • Registro de Imigrantes 1808/1922.
Estarão indicados os filmes dos registros de entrada dos imigrantes que, como foi dito no início deste texto, vão de 1877 a 1913. Escolha qual lhe interessa e peça o filme na Igreja.
Um enorme grau de paciência é necessário para se encontrar um imigrante chegado ao Brasil, pois eles foram centenas de milhares. Por outro lado, há também que se levar em conta que nem todos aqueles que entraram pelo porto do Rio de Janeiro passaram pela Hospedaria da Ilha das Flores. Um pequeno número ali desembarcou, mas por diversos motivos não se juntou às levas da Hospedaria.
Fonte:  http://www.cbg.org.br/arquivos_genealogicos_h_02.html
acesso - 01-09-2007-09-01


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